quarta-feira, 22 de abril de 2015

A ciência do penálti ideal

Um preparador de guarda-redes, um dos maiores marcadores de penalidades do Brasil e até um pesquisador da Universidade de São Paulo ajudaram-nos a chegar a esta fórmula

Treine exaustivamente
Grande parte do sucesso de um penálti depende de ele ser treinado. Pode parecer óbvio começar o texto com esta dica, mas, na prática, as coisas não funcionam assim. Quase ninguém treina marcação de grandes penalidades – a não ser em jogos em que as chances de a decisão ir para as penalidades sejam grandes. “Eu acertava penáltis porque sempre treinei. E muito”, diz Evair, ídolo do Palmeiras na década de 1990. Em 21 anos de carreira, ele perdeu apenas cinco penalidades. “Confiança é essencial na hora de bater um penálti. E você só adquire confiança batendo penáltis em todos os treinos.”

Decida o lado antes
Embora mais de 75% dos marcadores esperem que o guarda-redes se lance antes de marcar, o ideal é o jogador já saber para qual lado vai chutar assim que colocou a bola na marca da penalidade. De acordo com um estudo do Laboratório de Fisiologia do Comportamento do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, chefiado pelo professor Ronald Ranvaud, se o jogador deixar para escolher o lado nos três últimos passos que dá, o cérebro pode dar um tilt e a programação motora ficar prejudicada. A chance de errar é grande.

Saiba onde não bater
Há várias teorias sobre para qual dos lados chutar. E alguma sobre chutar para o meio – já que o guarda-redes deve pular. Mas vai que ele fica esperando? “O melhor lugar para um guardião defender o penálti é na altura dos braços dele ou perto das pernas”, conta Carlos Pracidelli, preparador de guarda-redes do Palestra Itália. O professor Ranvaud concorda: como nosso centro de gravidade nos puxa para baixo, a chance de converter uma penalidade diminui – a não ser que ela seja batida bem perto da trave (mas aí aumenta o risco de mandar a bola para fora).

Espante o stress
É fácil falar, não é? Mas marcar um penálti, por si só, já é uma situação bem estressante. “Errar um golo com a bola rolando é uma coisa. Errar uma penalidade é bem diferente”, diz Evair. Ronald Ranvaud garante que a melhor coisa na hora da cobrança é pensar apenas no que tem de fazer. “Deve-se pensar no protocolo todo: vou colocar a bola aqui, chutar ali. O stress é pensar no erro, considerar essa hipótese. E imaginar o erro significa preparar o movimento errado.”

Mire e chute forte
De acordo com os estudos da USP, há dois pontos ótimos para bater o penálti. Acertando neles (veja o alvo acima), é impossível o guarda-redes defender: não há tempo hábil para o atleta chegar lá (confira a tabela de quanto tempo o guarda-redes leva para atingir os vários pontos do golo na tabela). Para isso, o remate tem de ter mais de 85 km/h. “Não é um bico”, adverte o professor. “Mas é um chute forte, que deve ser dado com pelo menos três passadas. Daí, é só comemorar o golo.”


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