quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A liga mais rica do mundo tem um problema: os técnicos nativos não ganham

A Premier League é a liga mais rica do mundo, com uma capacidade de atrair jogadores e a atenção de muitos adeptos de futebol no mundo. Os direitos de transmissão do contrato atual, 2013/16, renderam £ 5,5 bilhões entre cotas nacionais e internacionais. Para o próximo contrato, só as cotas nacionais renderam £ 5,5 bilhões. Com a soma das internacionais, os clubes devem ganhar pelo menos 50% mais desse valor. Tudo isso gera glamour, atenção, atratividade e alto nível técnico. Só que há um dado curioso. Desde que o Campeonato Inglês se tornou Premier League, com a reformulação pela qual passou, em 1993, nenhum técnico inglês levantou a taça. Isso mesmo: são 23 anos de liga e nenhum técnico inglês venceu.
A lista de vencedores é longa, mas se for pegar os grandes vencedores do futebol inglês no período, o grande nome é Alex Ferguson (13 títulos), escocês. Arsène Wenger (três títulos) é francês. José Mourinho (três títulos) é português. Com um título, Kenny Dalglish é escocês, Carlo Ancelotti, italiano, assim como Roberto Mancini, e Manuel Pellegrinio é chileno. Nenhum inglês conseguiu o feito.
Isso se reflete na escolha dos técnicos na seleção. Não há um grande nome inglês para comandar a equipa. O atual técnico, Roy Hodgson, tem uma carreira longa, mas poucas glórias. Seu maior feito por um clube inglês foi levar o pequeno Fulham à final da Liga Europa na temporada 2009/10. Tem muita experiência no exterior, com trabalhos em Itália, Suécia e Dinamarca, por exemplo.
Há uma discussão intensa na Inglaterra sobre o quanto a internacionalização da Premier League foi prejudicial a jogadores ingleses, uma vez que os clubes terem dinheiro fez com que contratassem mais jogadores. Para alguns, esses estrangeiros ocupam o espaço de jovens ingleses das categorias de base. É uma discussão com argumentos importantes dos dois lados, que pode ficar para outro momento. O que nos interessa aqui é o paralelo: será que a riqueza da Premier League e a sua internacionalização fez com que técnicos ingleses perdessem espaço?
Na atual temporada da Premier League, 2015/16, só cinco dos 20 técnicos são ingleses: Eddie Howe, do Bournemouth, Tim Sherwood, do Aston Villa, Alan Pardew, do Crystal Palace, Steve McClaren, do Newcastle, e Garry Monk, do Swansea. Ou seja, não há perspectiva em curto prazo para que um técnico inglês seja campeão. Dos citados, só Tim Sherwood, de 46 anos, Garry Monk, 36, e Eddie Howie, de 37, parecem ter perspectivas futuras de dirigir uma grande equipa e se tornarem campeões um dia. E mesmo assim, mais por uma perspectiva de idade, já que os clubes mais fortes em geral buscam nomes de grife para comandarem seus elencos. Os demais parecem mesmo fadados a ficarem num patamar intermediário, se tanto.
Parece ser uma questão que os ingleses precisam mesmo repensar. Não ter nenhum técnico inglês de alto nível, mesmo com uma liga tão forte e rica, é um sinal preocupante. Ao menos para quem pensa no futebol do país a longo prazo.

Fonte: http://trivela.uol.com.br/

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