O futebol nasceu bem diferente do que conhecemos hoje. Quando o livro de regras foi unificado, em 1863, não se podia dar passes para frente e dominar a bola no ar com as mãos era permitido a qualquer jogador. O penálti, então, apareceu como evolução apenas três décadas depois. E, apesar de uma resistência inicial dos ingleses, acabou absorvido após uma grande polémica na Taça de Inglaterra. Um jogo esquecido, mas fundamental para a história do desporto, que aconteceu há exatamente 125 anos.
O penálti antes era conhecido apenas como um “movimento irlandês”. Ele surgiu em 1890, idealizado pelo guarda-redes William McCrum, que atuava no Milford FC, da Irlanda. E sua intenção era a mais óbvia possível: prevenir as ações deliberadas que pudessem impedir as chances de golo mais claras. Até àquele momento, as infrações próximas da baliza (já que a grande área só surgiu em 1902) valiam apenas cobranças de falta indiretas, relativamente fáceis de defender. McCrum, então, enviou a sua proposta de um “tiro direto a 12 jardas da linha do golo” para a International Board.
Inicialmente, a ideia do penálti não foi bem recebida pelos praticantes de futebol no Reino Unido. A cobrança era considerada “falta de cavalheirismo”, diante do pressuposto de que todo mundo dentro de campo manteria a honradez e a honestidade. Até que a Copa da Inglaterra esteve em jogo, e um lance polémico mudou a história.
Em 14 de fevereiro, Notts County e Stoke City se enfrentavam pelas quartas de final do torneio. Os Magpies venciam por 1 a 0. E, no último lance da partida, os Potters tiveram um golo legítimo negado: a bola ia entrando, quando um jogador adversário meteu a mão na bola em cima da linha. A infração acabou punida apenas com um remate livre indireto, que os alvirrubros não conseguiram converter. O Notts County acabou como vice-campeão na FA Cup daquele ano, perdendo para o Blackburn na final.
Diante da comoção após o lance, a International Board cedeu. A entidade introduziu a regra do penálti na temporada seguinte e a primeira cobrança aconteceu em 22 de agosto de 1891, anotada por Alex McCall, do Renton. Ainda assim, algumas equipas preferiam desperdiçá-lo, resistindo contra a falta de cavalheirismo – a exemplo do famoso Corinthian, clube criado para se opor ao profissionalismo e exaltar os valores do desporto amador. Hoje em dia, no entanto, a desonra se dá na maneira como muitas equipas cavam os seus penáltis. Em 125 anos, definitivamente, o futebol mudou.
As disputas por penáltis só foram criadas em 1970. Porém, as injustiças contra o Stoke City ainda permitiram outra invenção importante ao futebol em novembro de 1891: o tempo de compensação. Num duelo contra o Aston Villa, o árbitro anotou a grande penalidade a favor dos alvirrubros, mas o guarda redes Albert Hinchley isolou a bola para fora do estádio. Diante da demora para recuperar a redonda, o tempo acabou e o Stoke acabou derrotado, sem poder chutar a cobrança. Assim, ao final da temporada, o tempo extra passou a ser permitido em caso de penálti assinalado no fim.
Fonte: http://trivela.uol.com.br/
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